quinta-feira, 17 de maio de 2012

CARTA ENVIADA AO FANTÁSTICO- REDE GLOBO



Rio, 02 de \Abril de 2012.


À REDAÇÃO
Programa "Fantástico" - Rede Globo de Televisão.



Em referência a matéria sobre voo duplo de asa delta e parapente, atividade que acontece com mais frequência nas áreas da Pedra Bonita e praia de São Conrado, gostaria de esclarecer alguns pontos importantes e questionar o uso da minha imagem feita por essa emissora e um aluno-aspirante, que voou comigo na data em que aconteceu o acidente fatal na área de São Conrado. Senti-me constrangido pelo uso dessa imagem, em rede nacional, que coloca em evidência a seriedade do meu trabalho como instrutor, associando-me ao acidente e mencionando um acidente no pouso que não houve. Tanto não houve como, na reportagem, não foi mostrado as imagens do pouso, somente de decolagem e voo. 

O voo livre é um esporte, de risco, que existe há mais de trinta e cinco anos. A modalidade de voo duplo, apresentada como " Voo Duplo de Instrução", existe há mais de trinta anos. O termo "Voo duplo de Instrução" procura seguir a única legislação aeronáutica, a  RBH104, que viabiliza o esporte nessa modalidade. Também, não podemos classificar o nosso voo como "panorâmico" uma vez que não possuímos motor para fazer esse tipo de voo. Fazemos voo livre de acordo com as condições de vento, praticamos uma atividade aerodesportiva. Dessa forma, nossas aeronaves sempre serão "experimentais", pois nunca irão seguir os padrões de uma aeronave com motor.

Nunca obrigamos ninguém a fazer o voo duplo. Mesmo diante desse acidente fatal, as pessoas continuam procurando a nossa instrução para fazer um voo, um único voo, com desfrute panorâmico. Atendemos uma demanda turística que visita a área da Pedra Bonita com essa finalidade. Várias emissoras de televisão, nacional e internacional usufruíram do nosso "Voo Duplo de Instrução" nos últimos vinte anos. Fazemos parte do turismo dessa cidade.  Cobrar pela atividade é justo, seja ela comercial, instrucional ou sob qualquer outra denominação. O esporte é caro e não há como voar de graça com as pessoas simplesmente porque não fizeram uma legislação específica para o uso do dinheiro nessa atividade! Seguimos, sim, uma legislação aeronáutica  e não podemos ser taxados de "marginais",  "foras-da-lei" e outras denominações agressivas. Somos pais de família, pessoas de bem, sobreviventes no trabalho como qualquer ser humano! Sempre recebemos a imprensa, as redes de televisão, os alunos, os turistas com competência e respeito. Lamentamos profundamente esse acidente, o instrutor errou e mostramos o erro. Esse mesmo instrutor ainda está em estado de choque e deve se lamentar por não ter morrido também! Senhores repórteres, de bom caráter e juízo, os senhores conhecem bem a atividade.  Cobrar maior fiscalização é justo, é do nosso interesse. Mas agredir o esporte e seus praticantes não é correto, seja por qualquer motivo.

O advogado que realizou o voo duplo de instrução e se apresentou no programa " Fantástico"  preencheu todos os requisitos antes do voo, assumiu o esporte de risco e possui uma carteira com a validade de seis meses, para decidir continuar no esporte ou não. Recebeu todas as instruções necessárias para realizar aquele voo bem como todas as informações de segurança. Aliás, se não acatasse as instruções recebidas jamais poderia fazer uma decolagem tecnicamente perfeita e segura, como apresentado nas imagens. Se o programa "Fantástico" checasse o vídeo inteiro poderia constatar que o pouso também foi perfeito, contrariando o "imprevisto" mencionado pelo mesmo e o "acidente" mencionado na reportagem.

Essa reclamação visa somente esclarecer e solicitar esclarecimentos sobre a minha imagem profissional dentro do programa "Fantástico", o que está me trazendo constrangimentos no exercício da minha atividade de instrução.



Atenciosamente, 



Jose Emilio Cordeiro
Instrutor de Voo Livre 


Um comentário:

  1. (Email enviado pelo aluno )
    Caro José Emílio, bom dia!

    Comungo da sua indignação com relação à matéria veiculada, justamente pela maneira com que ela fora editada! Tentei por várias vezes entrar em contato com a redação, mas infelizmente não tive retorno da repórter local (Vila Velha) que fez a entrevista em meu escritório.

    No último domingo, recebi um telefonema de minha amiga (Adelaide) que vive no Rio. O Mauro me foi apresentado por ela. Segundo ela, a direção do Fantástico gostaria de me ouvir sobre a falta de fiscalização por parte da Associação lá em cima, na pista de voo.

    Concordei em falar somente sobre isso, ou seja, sobre a necessidade (que, certamente passaria mais tranquilidade, tanto para os alunos, como para os pilotos) de haver esse acompanhamento da Associação durante as preparações de todos os voos (montagem de equipamento, asa e vela). Somente isso.

    Durante toda a entrevista, fiz questão de enfatizar a minha satisfação com o meu voo. Perguntado se tive medo, respondi que não; perguntado se voaria novamente, respondi que sim; perguntado se havia sofrido algum tipo de acidente, respondi que não. Esclareci que, quanto ao meu voo (pois só tinha propriedade para relatar sobre o meu voo), tudo fora tecnicamente PERFEITO. A decolagem, o voo propriamente dito e o pouso foram perfeitos. Quanto ao pouso, esclareci que não houve acidente, muito menos erro humano por parte do piloto. O que havia ocorrido fora um mero imprevisto, onde a minhas pernas se enroscaram nas do piloto, me fazendo cair de joelho, mas que nada sofri. Nenhum machucado!
    Pensei em várias maneiras de entrar em contato contigo no mesmo dia daquela matéria irresponsável, porém não tinha seu telefone de contato. Pensei em contactar o Mauro, entretanto, minha namorada não sabe onde deixou o cartão de visita dele com os contatos. Minha única alternativa era a minha amiga do Rio (Adelaide) para que ela o procurasse a fim de esclarecer a também minha revolta. Por isso, agradeço o seu contato via e-mail, pois me permite, assim, esclarecer a você todo esse mal entendido.
    A minha única intenção foi contribuir para uma melhor fiscalização por parte da Associação, inclusive porque os alunos pagam uma taxa no valor de R$ 20,00 ao assinar o Termo de Responsabilidade, oferecendo, assim, mais suporte e tranquilidade para todos os que praticam esse esporte (alunos e pilotos), bem como numa tentativa de deixar claro a total responsabilidade e compromisso com o esporte por parte do meu piloto e o piloto de minha namorada. Estes, tomaram todas as precauções em termos de medidas de segurança com relação ao nosso voo.

    Lembrando que a menção em relação ao suposto acidente é de responsabilidade exclusiva do autor/editor da matéria, uma vez que de minha boca, em momento algum relatei ou fiz menção de que eu teria sofrido acidente.
    Uma vez mais confirmo a minha insatisfação quanto à maneira com que a matéria foi editada. Comungo da sua revolta. Também tive transtornos, recebendo telefonemas durante toda a semana por parte de amigos e familiares, todos preocupados com a minha saúde e integridade física.
    O meu telefone de contato é (27) XXXX XXXX Passe-me o número de seu contato para eu poder também falar contigo.
    Com as minhas mais sinceras considerações,
    Aloir Zamprogno Filho.
    07/04/2012

    ResponderExcluir