quarta-feira, 24 de março de 2010

Vôo Duplo Interditado? O Que Será do Esporte?

O Voo livre, no Brasil, é um esporte que sobrevive há quase trinta e cinco anos. O voo duplo tem, mais ou menos, trinta anos. Essa modalidade evoluiu muito nos últimos tempos. As asas, que antes eram apenas asas grandes, são hoje específicas para o voo duplo de instrução. Os pilotos estão mais treinados, mais responsáveis, pois a atividade se relacionou com o turismo, aumentando a procura. Hoje, de piloto solo para instrutor há de se comprovar habilidades, documentá-las e pleitear espaço no quadro de instrutores, controlado atualmente pelo CSCVL-Clube São Conrado de Voo Livre.
Hoje, veicula na imprensa a notícia de que a atividade do voo duplo é ilegal, caracterizado como comércio. Somente é permitido vôos de instrução e vôos solos. Não se pode cobrar por passeios de asa delta. Endossando essas notícias, a atual diretoria do CSCVL interditou o voo duplo, prestando continências à ANAC- Agência Nacional de Aviação Civil. Vale lembrar que o voo duplo de asa delta sempre será um esporte. Necessitamos de vento adequado para decolar, voamos de acordo com as correntes, é necessário instruir bem o co-piloto, aluno aspirante ao voo livre, para que haja decolagem. Que passeio é esse que pode ter um acidente, caso o carona não ajude na decolagem? Qual é a aeronave de passeio que o passageiro tem que ajudar na decolagem? Temos um termo de compromisso antes da decolagem! O que as Associações de Voo Livre devem fazer é prestar esclarecimentos aos órgãos fiscalizadores e sugerir um melhor entendimento desse esporte, principalmente, na modalidade em questão. No vôo duplo a instrução é evidente, por si só!
Existem, atualmente, mais de noventa instrutores em atividade na Rampa da Pedra Bonita-RJ. A atividade do voo Duplo ( de instrução, conforme exemplificado) alimenta o comércio local, os quiosques da orla, a movimentação turística nas áreas da Pedra Bonita(decolagem) e praia de São Conrado(pouso). A maioria dos resgates e ajudantes são das comunidades do entorno, como a Rocinha, Favelinha e comunidades do Alto da Boa Vista. O voo duplo gera empregos e tem um papel social muito importante para a cidade do Rio de Janeiro! Nossa cidade corre o mundo, através de fotos e filmagens de voo livre! Agora, se a grande procura incomoda e confunde, é necessário um debate sobre a atividade. A maioria dos instrutores tem mais de trinta e cinco anos, tem boa formação e vivem absolutamente desse trabalho. O tempo de existência da modalidade fortalece todos os profissionais . Não podemos deixar que a impressão de comércio coloque em evidência a autenticidade do esporte.
Antes, a imprensa só falava de acidentes. Morrer de asa delta ou parapente era um espetáculo para a mídia. Hoje, o voo livre está nas novelas, fazendo parte de programas terapêuticos para viciados em drogas, gerando há cada dia mais adeptos, de várias classes sociais e de vários outros esportes! Se há procura, caros amigos, é lógico que haverão agenciadores, propagandas na internet e em outros meios de comunicação. Se há grande procura, também despertará a cobiça dos ignorantes e o recalque de outros pilotos que não são instrutores. Conforto-lhes que o voo duplo não faz ninguém ficar rico, os que ostentam maiores riquezas já eram ricos. Se há grande demanda no verão, o inverno pode ser seco e frio! Voar é caro, o custo é caro e a instrução não pode ser barata. Despencar todo dia de 520 metros não pode ser barato! Nossos padrões de segurança são satisfatórios, comparando com a aviação comercial. E tudo isso não descaracteriza a nossa atividade como esporte, sendo plenamente amparada pela RBH104. Abrace o voo livre em suas qualidades e no seu valor social. Essa questão deve ser melhor avaliada pelas autoridades, frequentadores e publico afim. Que Deus abençoe todos!